sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Nossa Linha Editorial

Vamos ao princípio. Quando decidimos que criaríamos o Editorial, com o propósito de auxiliar nos esclarecimentos de fatos inerentes a um determinado acontecimento, cabe-nos explicar de forma clara e com respaldo a terminologia das palavras fato, inerente e acontecimento.

As palavras fato e acontecimento. Veja o que diz o pesquisador português Adriano Duarte Rodrigues:¹

Sobre a relação entre fato e acontecimento, eu tendo a falar de fatos como os fenômenos que vivemos. O que é diferente do acontecimento, que para mim é uma construção da linguagem, é quando nós narramos os fatos. O fato - enquanto tal - é incomunicável. Vocês não podem viver. Vocês só podem viver aquilo que eu transformar em acontecimento, comunicando-os. Isso serve para entender o mecanismo de construção da notícia. Não se constroem os fatos, na minha perspectiva. Constroem-se acontecimentos narrados. É impossível você viver os fatos transformados em acontecimentos pela mídia. Daí que quando vocês leem uma notícia, vocês viveram os fatos que a notícia narra, mas vocês ficam sempre decepcionados. Porque a notícia narra os fatos da perspectiva do narrador e não da perspectiva dos que viveram. É impossível que a notícia faça com que o leitor viva os fatos narrados. O que o leitor faz é ler uma narrativa que converte esses fatos em acontecimento narrado.

A palavra inerente é um adjetivo de dois gêneros e significa que se encontra ligado de modo íntimo e necessário; seus sinônimos são imanente, inseparável, intrínseco, ligado, peculiar e próprio.²

Definimos fatos inerentes a um determinado acontecimento como: vivenciamos o que está ligado ao que nos narram, ou seja, sempre estamos sujeitos a viver como queiram pela forma narrada. Aí está o perigo de não se ter uma visão de pontos distintos dos fatos narrados, como se diz no dito popular, sejamos como “papagaio de pirata”. Repassamos o que nos narram sem ao menos questionar e repetimos com pompa de “eu digo a verdade”, como se de Fato soubéssemos do que falamos repetidas vezes, ou o pior, transferimos a responsabilidade do dito, mesmo que por instinto, para determinadas imagens tidas como imaculadas, sejam pessoas, programas televisivos, veículos de comunicação e etc.

Exatamente, por isso, que nosso Editorial seguirá a linha dos ditos por não ditos, e que abrirá leques de porquês para que cada leitor(a) possa interpretar por meio do exercício prático diário de raciocínio lógico, e se a preguiça não o(a) impedir, buscar informações sobre palavras, frases, textos e contextos não compreendidos e suas interpretações. Para que sejamos insólitos, porém, com prudência para que a perspicácia nos conduza com equanimidade.

Obrigado pela leitura!
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1. Professor catedrático da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Estrasburgo (França), doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de Louvain (Bélgica) e professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), onde foi vice-reitor e também dirigiu a Faculdade de Comunicação.

2. Dicionário Online de Português http://www.dicio.com.br/inerente (16.01.2015).