Vamos ao princípio. Quando
decidimos que criaríamos o Editorial, com o propósito de auxiliar nos esclarecimentos
de fatos inerentes a um determinado acontecimento, cabe-nos explicar de forma
clara e com respaldo a terminologia das palavras fato, inerente e acontecimento.
As palavras fato e acontecimento. Veja o que diz o pesquisador português Adriano Duarte Rodrigues:¹
Sobre a relação entre fato e
acontecimento, eu tendo a falar de fatos como os fenômenos que vivemos. O que é
diferente do acontecimento, que para mim é uma construção da linguagem, é quando
nós narramos os fatos. O fato - enquanto tal - é incomunicável. Vocês não podem
viver. Vocês só podem viver aquilo que eu transformar em acontecimento, comunicando-os.
Isso serve para entender o mecanismo de construção da notícia. Não se constroem
os fatos, na minha perspectiva. Constroem-se acontecimentos narrados. É
impossível você viver os fatos transformados em acontecimentos pela mídia. Daí
que quando vocês leem uma notícia, vocês viveram os fatos que a notícia narra,
mas vocês ficam sempre decepcionados. Porque a notícia narra os fatos da
perspectiva do narrador e não da perspectiva dos que viveram. É impossível que
a notícia faça com que o leitor viva os fatos narrados. O que o leitor faz é
ler uma narrativa que converte esses fatos em acontecimento narrado.
A palavra inerente é um adjetivo
de dois gêneros e significa que se encontra ligado de modo íntimo e necessário;
seus sinônimos são imanente, inseparável, intrínseco, ligado, peculiar e
próprio.²
Definimos fatos inerentes a um
determinado acontecimento como: vivenciamos o que está ligado ao que nos
narram, ou seja, sempre estamos sujeitos a viver como queiram pela forma
narrada. Aí está o perigo de não se ter uma visão de pontos distintos dos fatos
narrados, como se diz no dito popular, sejamos como “papagaio de pirata”.
Repassamos o que nos narram sem ao menos questionar e repetimos com pompa de “eu
digo a verdade”, como se de Fato soubéssemos do que falamos repetidas vezes, ou
o pior, transferimos a responsabilidade do dito, mesmo que por instinto, para determinadas
imagens tidas como imaculadas, sejam pessoas, programas televisivos, veículos
de comunicação e etc.
Exatamente, por isso, que nosso
Editorial seguirá a linha dos ditos por não ditos, e que abrirá leques de
porquês para que cada leitor(a) possa interpretar por meio do exercício prático
diário de raciocínio lógico, e se a preguiça não o(a) impedir, buscar
informações sobre palavras, frases, textos e contextos não compreendidos e suas
interpretações. Para que sejamos insólitos, porém, com prudência para que a perspicácia
nos conduza com equanimidade.
Obrigado pela leitura!
Obrigado pela leitura!
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1. Professor catedrático da
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Estrasburgo (França),
doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de Louvain (Bélgica) e
professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), onde foi vice-reitor e
também dirigiu a Faculdade de Comunicação.
2. Dicionário Online de
Português http://www.dicio.com.br/inerente (16.01.2015).